GLORIFICAÇÃO
:
Deus não deixará nosso corpo
morto na sepultura para sempre. Quando Cristo nos redimiu, ele não redimiu
apenas nosso espírito (ou alma) — ele nos redimiu como pessoas completas, e
isso inclui a redenção de nosso corpo. Portanto, a aplicação da obra redentora
de Cristo a nós não será completa até que nosso corpo seja inteiramente liberto
dos efeitos da queda e trazido ao estado de perfeição para o qual Deus o criou.
De fato, a redenção de nosso corpo ocorrerá somente quando Cristo retornar e
ressuscitá-lo dentre os mortos. Mas, no tempo presente, Paulo diz que esperamos
pela “redenção do nosso corpo” e então acrescenta: “Pois nessa esperança fomos
salvos” (Rm 8.23,24). O estágio da aplicação da redenção em que receberemos por
fim o corpo ressuscitado é chamado de glorificação. Referindo-se àquele dia
futuro, Paulo diz que participaremos da glória de Cristo (cf. Rm 8.17) . Além
disso, quando Paulo traça os passos na aplicação da redenção, o último que menciona
é a glorificação: “E aos que predestinou, também chamou; aos que chamou, também
justificou; aos que justificou, também glorificou” (Rm 8.30).
Podemos definir glorificação da
seguinte maneira: A glorificação é o passo final na aplicação da redenção. Ela
acontecerá quando Cristo retornar e ressuscitar dentre os mortos os corpos de
todos os crentes de todas as épocas que morreram e reuni-los às respectivas
almas, e mudar os corpos de todos os crentes que permanecerem vivos, dando
assim a todos os crentes ao mesmo tempo um corpo ressuscitado perfeito igual ao
seu.
1. Razão bíblica apresentada para a glorificação.
A passagem mais importante do NT
para a glorificação ou ressurreição do corpo é lºCoríntios 15.12-58. Paulo diz
: [...] em Cristo todos serão vivificados . Mas cada um por sua vez: Cristo, o
primeiro; depois, quando ele vier, os que lhe pertencem (v. 22,23). Paulo
discute a natureza da ressurreição do corpo em alguns detalhes nos versículos
35-50 , e a seguir conclui a passagem dizendo que nem todos os cristãos
morrerão, mas alguns que permanecerem vivos quando Cristo retornar simplesmente
terão seu corpo instantaneamente transformado em um novo corpo ressurreto, que
nunca irá envelhecer, enfraquecer ou morrer: “Eis que eu lhes digo um mistério:
Nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e
fechar de olhos, ao som da última trombeta. Pois a trombeta soará, os mortos
ressuscitarão incorruptíveis e nós seremos transformados” (lCo 15.51,52).
Posteriormente Paulo explica em lºTessalonicenses
que a alma dos que morreram e foram estar com Cristo voltará e se unirá ao
corpo naquele dia, pois Cristo a trará consigo :”Se cremos que Jesus morreu e
ressurgiu, cremos também que Deus trará, mediante Jesus e com ele, aqueles que
nele dormiram” (lTs 4.14). Mas aqui Paulo não somente afirma que Deus trará
mediante Jesus os que morreram; ele também afirma que “ os mortos em Cristo
ressuscitarão primeiro” (lTs 4.16). Assim, esses crentes que morreram com
Cristo também ressuscitarão para se encontrar com ele (Paulo diz no v. 17 que
“nós, os que estivermos vivos seremos arrebatados com eles nas nuvens, para o
encontro com o Senhor nos ares”). Isso somente faz sentido se diz respeito à
alma dos crentes que partiram para a presença de Cristo e que retornam com ele,
e se é o corpo deles que é ressuscitado dentre os mortos para ser reunido à sua
alma e, então, ascender para estar com ele.
2. Com que se assemelhará o corpo
ressurreto?
Se Cristo vai ressuscitar o nosso
corpo dentre os mortos quando retornar e se nosso corpo será igual ao seu corpo
ressurreto (1 Co 15.20,23,49; Fp 3.21), então a que se assemelhará nosso corpo?
Usando o exemplo de lançar a
semente no solo e então aguardá-la crescer e se tornar algo muito mais
maravilhoso, Paulo passa a explicar em detalhes com o que nosso corpo será
parecido: “Assim será a ressurreição dos mortos. O corpo que é semeado é
perecível e ressuscita imperecível; é semeado em desonra e ressuscita em
glória; é semeado em fraqueza e ressuscita em poder; é semeado um corpo natural
e ressuscita um corpo espiritual. [...] Assim como tivemos a imagem do homem
terreno, teremos também a imagem do homem celestial” (lCo 15.42-44,49).
Paulo primeiro afirma que nosso
corpo ressuscitado será “imperecível”. Isso significa que ele não se desgastará
nem envelhecerá, nem mesmo estará sujeito a qualquer espécie de doença ou
enfermidade. Ele será completamente sadio e forte para sempre.Além disso, já
que o processo gradual de envelhecimento é parte do processo pelo qual nosso
corpo está agora sujeito à pericibilidade, é apropriado pensar que nosso corpo
ressuscitado não apresentará qualquer sinal de envelhecimento, antes terá as
características da juventude mas ao mesmo tempo de masculinidade ou
feminilidade madura para sempre. Não haverá qualquer evidência de doença ou
dano, pois todos se tornarão perfeitos. Nosso corpo ressuscitado evidenciará o
cumprimento da sabedoria perfeita de Deus em nos criar como seres humanos que
são a coroa da sua criação e os portadores apropriados de sua imagem e
semelhança. No corpo ressuscitado claramente veremos a humanidade como Deus
pretendeu que fosse.
Paulo também diz que nosso corpo
será ressuscitado “em glória”. Quando esse termo é contrastado com “desonra”,
como é aqui, há uma insinuação da beleza ou da atração que nosso corpo
exercerá. Ele não mais será ”desonrável” ou desprovido de atração, mas parecerá
“glorioso” em sua beleza. Ele pode até possuir um fulgor radiante em si mesmo
(v. Dn 12.3; Mt 13.43).
Nosso corpo também será
ressuscitado “em poder” (lCo 15.43). Isso contrasta com a “fraqueza” que vemos
em nosso corpo agora. Nosso corpo ressurreto não será somente livre das doenças
e do envelhecimento, também receberá plenitude de força e poder — não um poder
infinito como o de Deus, naturalmente, e provavelmente nada que se assemelhe a
um poder “super-humano” no sentido dos super-heróis da moderna literatura de
ficção para crianças, por exemplo; mas ele terá mesmo assim a força e o poder
humanos de maneira completa e plena, a força que Deus pretendeu que os seres
humanos tivessem em seu corpo quando originariamente os criou. Portanto, ele
terá força suficiente para fazer tudo o que desejarmos e que estiver de
conformidade com a vontade de Deus.
Por último, Paulo diz que o corpo
ressuscitado é um “corpo espiritual” (lCo 15.44). Nas cartas paulinas, a
palavra “espiritual” (gr., pneumatikos) nunca significa “não-físico”, e sim
“consistente com o caráter e a atividade do Espírito Santo” (v.,p.ex.,Rm 1.11;
7.14; lCo 2.13,15; 3.1; 14.37; Gl 6.1 [“vocês, que são espirituais”]; Ef 5.19).
Por isso, a expressão “corpo material” (encontrada em algumas traduções) é
inadequada, pois em contraste com “corpo espiritual”. 0 fato de o sinal dos
cravos permanece nas mãos de Jesus é um caso especial para nos fazer lembrar do
preço que foi pago por nossa redenção, não deve ser entendido que quaisquer
marcas ou lesões permanecerão em nós, daria a entender que “corpo espiritual” é
um corpo não-físico, imaterial. Em vez de “corpo material”, a tradução
melhor seria “corpo natural”. A
seguinte paráfrase é esclarecedora: “É semeado um corpo natural [isto é,
sujeito às características e aos desejos desta era, dominado por sua vontade
pecaminosa] e ressuscita um corpo espiritual [isto é, integralmente sujeito à
vontade do Espírito Santo e suscetível à orientação dele] ”. Não se trata de um
corpo “não-físico”, mas de um corpo físico ressuscitado e elevado ao grau de
perfeição que originariamente Deus pretendeu que tivéssemos. Os exemplos
repetidos em que Jesus demonstrou aos discípulos que ele tinha um corpo físico
que era capaz de ser tocado, que possuía carne e OSSOS (Lc 24.39) e que poderia
comer mostram que o corpo de Jesus, que é modelo para o nosso, era claramente
um corpo físico que havia se tornado perfeito.
Para concluir, quando Cristo
retornar, ele nos dará novos corpos para que sejam iguais ao seu corpo
ressurreto: “... sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a
ele, pois o veremos como ele é” (lJo 3.2; essa afirmação é verdadeira não
somente no sentido ético, mas também em termos de nosso corpo físico; cf. 1 Co
15.49; tb. Rm 8.29). Tal segurança proporciona a afirmação clara de que a
criação física de Deus é boa. Viveremos nos corpos que terão todas as
qualidades excelentes que Deus criou para que as tivéssemos e, assim, para
sempre seremos prova viva da sabedoria de Deus em fazer tudo na criação material,
desde o princípio, “muito bom” (Gn 1.31). Viveremos como crentes ressuscitados
no novo corpo,e ele será adequado para a nossa habitação nos “novos céus e nova
terra, onde habita a justiça” (2Pe 3.13).
Extraído da Teologia
Sistemática do autor. Wayne Grudem http://www.monergismo.com/
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Felipe Sabino de Araújo Neto®
Proclamando o Evangelho Genuíno de CRISTO JESUS, que é o poder de DEUS para salvação de todo aquele que crê.
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