CONVERSÃO:
Esse é o resultado da regeneração. O novo coração é
preparado para se voltar para Deus e realmente se volta. Sem regeneração, a
pecaminosidade do homem o mantém longe de Deus, faz com que ele focalize seu
amor em si mesmo e seus próprios prazeres, e encontre gratificação em coisas
que são opostas a Deus e à santidade. O coração regenerado tem afeições e
desejos novos. Portanto, está apto a buscar a Deus e a santidade.
Paulo disse que nada de bom havia em sua natureza
carnal (Romanos 7:18). Essa é a única natureza que o homem tem até Deus lhe dar
uma nova. E já que nada de bom pode proceder daquilo em que não existe nada de
bom, a conversão não pode proceder da natureza carnal. Portanto, a concessão da
nova natureza, ou vivificação, tem de vir antes da conversão. Fazer uma
afirmação diferente é negar a total depravação, que significa que o pecado tem
permeado todas as partes do ser do homem e tem envenenado todas as suas
faculdades, não deixando nada de bom no homem natural.
É aí que muita gente coloca “a carroça na frente
dos bois”, pois ensinam que a regeneração é consequência da conversão; essa
perspectiva muitas vezes chega perigosamente perto de ensinar que um homem é
salvo pelas obras de suas próprias mãos, pelas suas próprias ações, vontade ou
capacidade. De novo, às vezes se confunde a conversão porque os homens usam um
sentido mais limitado na palavra do que tem em seu uso bíblico. A palavra
significa “dar meia volta” e dá para usá-la em vários modos e contextos. Por
exemplo, Jesus disse para Pedro: “Quando te converteres, confirma teus irmãos”
(Lucas 22:32), mas isso não significa que Pedro não era então salvo; tinha
referência à presunção e arrogância de Pedro na carne. Pedro só poderia ser
usado pelo Senhor para fortalecer outros depois de se converter de suas
atitudes de confiar em si mesmo.
Contudo, há um jeito pelo qual dá para se usar com
acerto a palavra “conversão” com relação à salvação; logo que o Espírito
regenera uma pessoa, ocorre dentro dela uma “virada”, e essa virada é de
natureza dupla. Por um lado, há uma mudança de curso [em que se abandona o
pecado], que se pode denominar arrependimento, e por outro lado, há uma mudança
de curso em direção a Cristo, que é simplesmente fé em Sua obra consumada de
redenção.
O
arrependimento olha para trás e renúncia. A fé olha para frente e aceita. A fé
é reconhecer, com confiança, a realidade invisível. A fé cristã é reconhecer,
com confiança, o Deus invisível, mas vivo, principalmente na medida em que ele
é revelado no caráter gracioso em Cristo o Salvador dos homens.
Acerca do
arrependimento que o evangelho ordena, pode-se dizer as seguintes coisas — isto
é, que envolve:
1 - Uma
consciência do pecado pessoal…
2 - Que o
pecado é um grande mal que se comete contra Deus, pelo qual não há desculpa…
3 - Ódio
ao pecado. Esse é um elemento essencial no arrependimento. O ódio é inseparável
da atitude de mudar de idéia.
4 - Tristeza
por causa do pecado…
5 - Um
propósito de abandonar o pecado.
O
arrependimento é o primeiro aspecto da experiência inicial de salvação do
crente, chamado conversão. A verdadeira conversão é uma parte essencial e prova
da regeneração. A regeneração é Deus operando dentro do homem e a conversão é o
homem desenvolvendo sua salvação em arrependimento e fé. O arrependimento é em
grande parte negativo e tem a ver com o pecado em seus muitos aspectos e
formas, e principalmente com o pecado da incredulidade.
Paulo disse que ele havia ensinado “conversão a
Deus” (Atos 20:21), mas nisso necessariamente há o envolvimento de um
arrependimento com relação ao pecado, a si mesmo e ao Salvador, pois não dá
para se ter a atitude certa para com Deus sem, ao mesmo tempo, se ter a
perspectiva apropriada acerca dessas outras coisas. O arrependimento é
simplesmente entender as coisas em sua perspectiva apropriada; mas isso não é
uma capacidade natural do homem, pois as Escrituras atribuem isso também como
obra de Deus, conforme está escrito: “Deus com a sua destra o elevou a Príncipe
e Salvador, para dar a Israel o arrependimento e a remissão dos pecados”. (Atos
5:31) “E, ouvindo estas coisas, apaziguaram-se, e glorificaram a Deus, dizendo:
Na verdade até aos gentios deu Deus o arrependimento para a vida”. (Atos 11:18)
“A benignidade de Deus te leva ao arrependimento”. (Romanos 2:4) “… Se
porventura Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade”. (2 Timóteo
2:25)
Alguém poderá ainda fazer a objeção: Como é que
então podemos nos arrepender? Como é que um riacho pode se levantar acima de
sua fonte? A resposta é óbvia. Só podemos nos arrepender com a ajuda da graça
divina. Lembre-se dessa passagem bíblica citada: “Deus com a sua destra o
elevou a Príncipe e Salvador, para dar a Israel o arrependimento e a remissão
dos pecados”, e lembre-se também do que foi declarado, que o exercício do
arrependimento de nossa parte é apenas o lado debaixo; o lado de cima é a
regeneração. Desenvolvemos o que Deus opera dentro de nós, tanto o querer
quanto o realizar conforme a vontade dele. Portanto, nossa “confissão de fé”
faz do arrependimento um fruto da regeneração.
Atos 26:20 declara que o arrependimento é uma
mudança necessária de atitude antes que alguém possa ou queira ser salvo, e
ocorre antes da reforma da vida. Essa passagem também diz que Paulo pregou
tanto para judeus quanto para gentios para “que se emendassem e se convertessem
a Deus, fazendo obras dignas de arrependimento”. Mas se o arrependimento é uma
mudança necessária de atitude, então é óbvio que deve sempre vir antes da fé,
como na verdade é no Novo Testamento. Assim, Jesus pregou: “O tempo está
cumprido, e o reino de Deus está próximo. Arrependei-vos, e crede no
evangelho”. (Marcos 1:15) E Paulo testificou “tanto aos judeus como aos gregos,
a conversão a Deus, e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo”. (Atos 20:21)
Crer que Jesus é o Cristo implica perspectivas
adequadas do caráter do Cristo de Deus. Se as Escrituras dão uma perspectiva de
seu caráter, e se um homem tem uma perspectiva diferente, então, por mais
sincero que ele possa ser em crer que Jesus é o Cristo, ele não crê na verdade
das Escrituras. O Cristo em quem ele crê não é o Cristo de Deus. No sentido
bíblico da palavra, ele não crê que Jesus é o Cristo.
A fé, como o arrependimento, não é uma virtude
natural no homem, e assim o homem não pode se orgulhar em sua capacidade de
crer em Cristo; e ele não deve pensar que isso é algo que ele possa fazer a
qualquer momento que ele queira. A declaração “Portanto, é pela fé, para que
seja segundo a graça” (Romanos 4:16) mostra com clareza que a fé não pode ter
mérito nessa questão, e assim o homem não pode se regozijar em sua própria
capacidade de crer; a salvação não seria pela graça (favor imerecido) se a fé
fosse uma virtude humana, ou tivesse algum mérito intrínseco. Os homens só creem
“pela graça” (Atos 18:27s).A conversão é resultado da regeneração divina, tanto
o arrependimento quanto a fé são obras divinas operadas no homem pelo Espírito
de Deus, de acordo com sua própria vontade soberana, e para Sua própria glória.
Tradução: Julio Severo
Revisão e Edição: Charity Darlene e Calvin Gardner, 04/2014 Autor: Pr Davis W. Huckabee Fonte: www.PalavraPrudente.com.br
Revisão e Edição: Charity Darlene e Calvin Gardner, 04/2014 Autor: Pr Davis W. Huckabee Fonte: www.PalavraPrudente.com.br