REGENERAÇÃO
A regeneração (Tt 3.5;
1Pe 1.3) ou o novo nascimento (Jo 3.3, 5, 7) é uma mudança sobrenatural operada
pelo Espírito Santo no mais profundo intimo do eleito, vivificando o seu
espírito que outrora estava morto transformando radicalmente a sua natureza,
que inclinada somente para o pecado e em desagradar a Deus, passa agora ter a
capacidade pelo Espírito Santo de viver uma vida que o glorifique em temor e
obediência.
A regeneração é um ato
completamente de Deus, e uma demonstração de sua onipotência. É o mesmo tipo de
onipotência que Deus exerceu quando, por Sua palavra de comando, Ele criou o
universo; ou quando, por uma semelhante palavra de comando, o Senhor
ressuscitou os mortos. É requerido um poder onipotente para criar o universo ou
ressuscitar os mortos, assim, é requerido o mesmo poder onipotente para
ressuscitar aqueles que estão espiritualmente mortos. É este poder divino e
onipotente que Deus exerce na regeneração quando, por seu Espírito Santo, ele
ressuscita um pecador da morte espiritual, fazendo-o uma nova criação (Jo 5.25;
2Cor 5.17).1
A regeneração pode ser
considerada de forma mais ampla, incluindo a chamada eficaz, a conversão e a
santificação; ou de forma mais restrita, designando o primeiro princípio de
graça infundido na alma. Isto faz da alma um objeto preparado para a chamada
eficaz, um vaso apropriado à conversão, sendo também a fonte daquela santidade
que é gradualmente desenvolvida na santificação e aperfeiçoada no céu.
Em vista disso, alguém
poderia perguntar: “A regeneração acontece “antes, durante ou após” a pregação
do evangelho”?
De fato, o Espírito
Santo regenera uma pessoa “antes, durante e depois da exposição do evangelho”.
Como assim? A fim de compreendermos melhor esta questão, é necessário, a
despeito da regeneração, esboçarmos as suas três fases que estão estritamente
relacionadas, que, por sinal, não é muito enfatizado. Senão vejamos:
1. VIVIFICAÇÃO – Esta
primeira fase é um ato exclusivo de Deus, no qual ele opera sem meios e sem a
cooperação humana, e se refere ao chamado externo que resulta no chamado
interno quando o Espírito Santo vivifica o espírito morto (Ef 2.1-3) e abre o
ouvido surdo do pecador eleito (veja Mc 4.9, 23; 7.16; Ap 2.7, 11, 17, 29; 3.6,
13, 22, onde a expressão “quem tem ouvidos para ouvir” se refere à pessoa
regenerada que tem a capacidade de ouvir o evangelho no sentido de
compreendê-lo e obedecê-lo) “implantando a faculdade da fé”, antes da exposição
das Escrituras para que ele possa ouvir [espiritualmente] e compreender as suas
implicações para, assim, crer e se arrepender. Logo, esta primeira fase
“precede” ou ocorre antes da pregação do evangelho. Temos como exemplo nas
Escrituras o caso de Lídia, descrito em At 16.14, onde o Senhor "abriu o
seu coração" antes da pregação de Paulo para que pudesse culminar no
próximo passo que veremos a seguir.
2. CONVERSÃO – Esta
segunda fase além de ser um ato primário de Deus, conta também com a
participação humana em um certo sentido, onde Deus emprega o meio da pregação
do evangelho. Após o pecador eleito ter sido vivificado ou ter nascido de novo,
ele, agora, recebe o “poder da fé” que o capacita a ouvir e compreender o
evangelho e suas implicações (Rm 10.17). Em seguida, é dado ao pecador eleito o
dom da fé (Ef 2.8-10) e do arrependimento (At 11.18; Rm 2.4; 2Tm 2.25), onde
ele é capacitado pelo Espírito Santo a crer e se arrepender de seus pecados. A
conversão é obra de Deus e obra do homem. É preciso que Deus nos converta e,
ainda assim, nós precisamos nos converter a ele.
3. SANTIFICAÇÃO – Esta
terceira fase é o resultado e a evidência da conversão. Após ter crido e se
arrependido dos seus pecados, o pecador eleito recebe a “operação da fé”, o
qual demonstra a sua conversão abandonando o velho estilo de vida outrora
campeado pela prática do pecado
através de um novo estilo de vida caracterizado pelo temor [respeito e
reverência] a Deus e obediência a sua vontade descrita nas Escrituras por meio
de mandamentos. Se os dois estágios anteriores [vivificação e conversão] são
atos exclusivos de Deus mediante o Espírito Santo, no qual o homem não
participa [com exceção da conversão, onde há uma certa participação do homem],
sendo passivo, contudo, na santificação, Deus torna o homem ativo para que
este, agora, coopere juntamente com ele neste processo que envolve a
participação de ambas as partes. Deus age no homem onde ele busca a
santificação que emana do Espírito Santo (Fp 2.12-13).
Notas:
2 - John Gill. Os termos bíblicos
para o novo nascimento. Citação extraída do site: www.monergismo.com
3 - Antony Hoekema. Salvos pela graça,
pág 119.